Dia das Mulheres
Bárbara Bueno Brandão*
Não gosto nem costumo usar “rótulos” de gênero, feminino e masculino, tais como: “meninas são mais estudiosas”; “meninos são mais desobedientes”.
Muito pelo contrário.
Costumo incentivar o inverso, sempre levando para uma perspectiva de que os seres humanos são diferentes por diversas questões, independentemente do sexo.
Contudo, não temos como negar algumas características essencialmente ligadas ao feminino, especialmente no mês de março, mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres.
Já fomos à guerra e fizemos nossa revolução sem usar armas, em uma luta pacífica pelos nossos direitos e pela nossa liberdade, e saímos vitoriosas.
Comumente ouvimos, de locais distintos, que as mulheres conseguem desempenhar várias atividades ao mesmo tempo.
É verdade, também, que conseguimos conquistar espaço dentro dos nossos lares, nos ciclos de amizade, em ambientes de trabalho e na sociedade em geral de uma forma firme, mas com gentileza e amor.
Somos reconhecidas pelo nosso poder de escuta, de sensibilidade, de motivação e de criatividade em achar soluções para os mais variados problemas e situações.
Existem estudos que indicam, ainda, que a mulher, pela sua formação, é mais discreta ao observar.
É claro que essas características não são exclusivas do sexo feminino.
Também não pretendo aqui fazer nenhum tipo de valoração de qualidade de profissionais pelo gênero, mas apenas trazer, especialmente neste mês, a participação feminina na mediação.
É bem verdade que, se verificarmos o corpo de Mediadores de diversas Câmaras de Mediação, a quantidade de Mediadores do sexo feminino normalmente é superior ao de Mediadores do sexo masculino.
Podemos, inclusive, observar a composição do nosso Blog, que foi absolutamente despretensiosa, eu garanto!
A Mediação, como é sabido, é um procedimento totalmente especializado, com regras e ferramentas próprias, o qual se desenvolve em um ambiente confidencial e com princípios específicos, para que os mediandos se sintam confortáveis para falar e trazer para a pauta de negociação todos os pontos que lhes sejam importantes, e que, muitas vezes, vão além de questões de Direito propriamente dito, mas que também envolvem questões de foro íntimo, subjetivas, da sua intimidade.
E a verdade é que o ser humano, na maioria das vezes, nem sabe ao certo qual é a sua real questão, qual é realmente o seu interesse, o seu desejo final. Assim como a maioria dos cidadãos não sabe que pode pleitear um “simples” pedido de desculpas, por exemplo.
E com o auxílio do Mediador, treinado e capacitado, os mediandos vão conseguindo refletir sobre seus reais sentimentos e necessidades, sendo possível entender qual é o seu efetivo interesse e desejo na solução daquela controvérsia e, ainda, colocar-se no lugar do outro, buscando uma solução sustentável, que atenda às necessidades de ambas as partes.
Assim, penso que, por todo esse conjunto de características, o universo da Mediação seja conhecido por ser um ambiente bem feminino, já que do Mediador é esperado que seja um profissional que reúna algumas particularidades e habilidades muito específicas, tais como: sensibilidade, curiosidade, criatividade, adaptabilidade, resiliência, empatia, escuta ativa, firmeza com as posições e suavidade com as pessoas, entre outros atributos muito relacionados ao feminino, como vimos acima.
*Bárbara Bueno Brandão, filha da Célia, mãe do Tiago e do Caio, biatleta, mestranda em Direito Processual pela UERJ, advogada e mediadora.
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