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Curiosidade Pura


Isabel Hermanny Tostes*



Para mim, jornalista de origem e mediadora por escolha madura, o exercício da curiosidade sem julgamento esteve presente em cada comediação que conduzi. Perguntar faz parte de mim há 30 anos. Perguntar, atenta aos filtros e vieses expressos nas perguntas, há cinco.


Metodologias como a da Investigação Relacional, defendida pela doutora e professora de Comunicação da Universidade de New Hampshire, Sheila McNamee, fornece arcabouço teórico para a prática das entrevistas numa mediação. Partindo do princípio de que toda investigação é relacional, você tem a tradicional que congela o investigado em um rótulo.


Na relacional pura, ao contrário, não há uma visão fechada do outro, uma única verdade e, sim, versões, diferentes conhecimentos e construção de pontos convergentes.


Dora Friedmann, em seu curso de Diálogo e Processo Generativo, parte da diferenciação entre o Modelo Transformativo, cujo foco está na relação como campo para mudança, e o Generativo, que atua a partir da construção de uma nova relação, com escuta ativa, contrapontos com respeito e reconhecimento, uso de palavras positivas e sem juízo de valor.


E aqui chego a dois trechos de uma carta do meu pai, Marcello Botelho Tostes, falecido há 30 anos, em que homenageou uma amiga de infância, em maio de 1984. Deparei-me com a carta em maio de 2016, no início da minha prática supervisionada em Mediação.


“Já devem ter lhe contado, entre outras novidades, que a Rádio (Princesinha do Norte, Miracema-RJ) está em franco funcionamento e que há um programa em que, ao vivo, o atual prefeito ouve dos munícipes queixas, reclamações, elogios e sugestões e a tudo vai respondendo, ponderando e agradecendo. É, enfim, a prática do diálogo em que tanto acreditamos. É exercício de civilidade que faz bem às pessoas.”


“...Um amigo que me visitou dizia-me, em conversa vivaz, que as ideologias, sejam quais forem, limitam a evolução política do homem, aprisionando-o em seus contornos. Pensando na conversa (...), encontro-me, nesta altura da vida, mais propenso a vivenciar convicções do que a procurar identificações em ideologias.”


O curioso: meu pai cursou Jornalismo e Direito. Praticou o Direito!



*Isabel Hermanny Tostes - Graduada em Comunicação Social/Jornalismo, pós-graduada em Marketing. Formação e capacitação na Prática Real Supervisionada MEDIARE em Mediação de Conflitos. Extensão: Diplomada en Perspectiva y Práctica Profesional Generativa pela Fundación Interfas e The Taos Institute; Workshops: “Para Além dos Modelos em Mediação: Integrando as Abordagens de Harvard, Transformativa e Narrativa”, com Marinés Suares.


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