E você, como está se sentindo hoje?
Hoje quero falar sobre a importância da empatia e a necessidade das perguntas no processo de mediação.
Quando estudamos e praticamos a mediação, a empatia e as perguntas têm uma extrema relevância. Muitas vezes precisamos propor exercícios dessa natureza para as partes, o que sabemos ser muito difícil, já que enxergar o mundo com a lente do outro, calçar outro sapato que pode não ser do seu tamanho, requer enorme entrega e disponibilidade. Tentar entender o outro por meio de perguntas, muitas vezes pode nos tirar de nossa zona de conforto.
Nós, mediadores, em dado momento, pedimos para que Maria, por exemplo, tente perceber como João sente-se quando ela o chama de egoísta. Da mesma forma, fazemos com João, o convidamos a colocar-se no lugar de Maria e tentar imaginar como é para ela sentir a indiferença do marido quando traz uma questão sua. Para além disso, sempre perguntamos o que leva cada um a agir de determinada maneira, o que provoca certas sensações e sentimentos.
Entender que cada pessoa age de um jeito, que cada uma tem suas experiências, visões de mundo, perspectivas, expectativas, enfim, que cada uma tem um olhar individual sobre qualquer situação, não é algo simples. Muitas vezes pensando do nosso modo, não conseguimos entender a reação do outro ou o porquê de estar agindo de uma maneira tão diferente da nossa.
Fiquei pensando que poderia ser interessante traçar um paralelo entre esses importantes exercícios e ferramentas de mediação e o nosso cotidiano, pois muitas vezes não experimentamos colocarmo-nos no lugar do outro, além de nem sempre termos tempo de perguntar o porquê de determinada atitude ou reação de alguém.
Imagem por Obviousmag.org
Muitas vezes chegamos no trabalho e ficamos sem entender a postura de um amigo nosso, apesar de sabermos que está diferente de como é sempre, mas sequer perguntamos se ele está bem, ou o que o motiva a estar assim, não nos colocamos no lugar dele para pensarmos como ele pode estar precisando desabafar, conversar...
Sabemos que perguntar ao outro o que o motiva a agir daquela forma, e, ainda, colocar-se no lugar dele, dá muito trabalho porque nos tira de nossa zona de conforto. Por isso, muitas vezes, acabamos não colocando em prática a arte de perguntar.
Percebo que as relações poderiam ser melhores se tivéssemos mais disponibilidade para ouvir o outro, e assim perguntar e pensar no quê gostaríamos que fizessem com a gente, se fôssemos nós nessa situação?
Fico pensando como seria valioso não deixarmos a correria do dia a dia e as informações, que vêm cada vez mais rápido, impedir nossa conexão com o outro, de forma a tentarmos entender o porquê de tanta sensibilidade de Pedro, o que motiva a aspereza de Carol, o que leva Antônia a agir com enorme desprezo ou ainda o que faz Manuella ser tão impaciente. Será que o acolhimento e algumas perguntas poderiam ajudar nessas dúvidas?
Acredito que as perguntas e a empatia poderiam tornar as relações humanas, sejam elas pessoais ou profissionais, mais ricas e ainda com possíveis trocas importantes para nos desenvolvermos, a partir do nosso próprio olhar e ainda com a percepção do outro sobre nós. E você, o que pensa sobre isso?